Múmias Qilakitsoq

Essas oito múmias são os restos humanos mais bem preservados já descobertos na América do Norte.

Quando dois irmãos saíram à caça de perdizes em uma manhã de 1972, eles não tinham ideia de que terminariam o dia descobrindo o que se tornaria um dos artefatos mais preciosos da Groenlândia. Mas foi exatamente o que aconteceu.

O Museu Nacional da Groenlândia exibe permanentemente quatro das múmias Qilakitsoq.

Enquanto a dupla vasculhava a paisagem em busca de caça, eles se depararam com o assentamento Inuit abandonado de Qilakitsoq, e logo descobriram oito múmias congeladas que haviam sido enterradas sob uma grande pilha de pedras. Os cadáveres que encontraram não se destinavam a ser mumificados no momento de seu enterro, mas graças ao clima gelado da Groenlândia, os elementos naturais mantiveram os corpos em um estado excepcionalmente bem preservado.

Múmias de Qilakitsoq no Museu Nacional da Groenlândia.

Alertando as autoridades sobre sua descoberta, pesquisadores e arqueólogos viajaram para o local, sabendo que as múmias recém-descobertas eram uma oportunidade inigualável para aprender mais sobre a vida, costumes e tradições da população nativa Inuit da Groenlândia.

Usando raios-x e outros métodos para garantir que o local permanecesse o mais intacto possível, os cientistas foram capazes de datar as múmias - que totalizavam seis mulheres, um menino e um bebê extremamente jovem - para algo em torno de 1475.

A múmia infantil descoberta no local de Qilakitsoq.

Junto com as múmias, a maioria das quais estava fortemente tatuada em suas testas, sobrancelhas e queixos, os pesquisadores descobriram 78 peças de roupas que foram feitas de renas, focas e outras peles. Mas a descoberta mais interessante, ou talvez chocante, foi que a pequena múmia infantil parecia ter sido enterrada viva.

A tradição inuíte na época ditava que, se uma mãe morresse, seus filhos menores deveriam ser enterrados com ela, mesmo que estivessem completamente saudáveis. O raciocínio para um ato tão horrível é triste, mas parece prático para a época, com as normas culturais locais ditando que, ausentes de sua mãe, as crianças não tinham ninguém para cuidar delas e deveriam viajar junto com seu guardião materno para chegar com segurança à terra dos mortos.