O Dor Agonizante de um Homem Atormentado
Nas sombras de uma noite sem lua,
onde o silêncio grita mais alto que o vento,
um homem desperta em sua cama fria,
com a cabeça latejando como um tambor de guerra antigo.
Ele pressiona as mãos contra o crânio,
dedos crispados, unhas cravadas na pele fina,
como se pudesse arrancar a dor que ali se aninha,
uma serpente vermelha que rasteja por dentro.
Do topo da cabeça, brotam veias como galhos,
vermelhas, pulsantes, ramificando-se no ar negro,
como raios invertidos, nascidos do inferno interior,
ou raízes de uma árvore maligna que devora a alma.
A boca se abre em um grito mudo,
boca escancarada, dentes à mostra no tormento,
olhos semicerrados, perdidos no abismo da dor,
rosto enrugado, veias saltadas, carne em agonia pura.
Ó dor que não tem nome,
que invade o cérebro como fogo líquido,
que transforma o homem em monstro de si mesmo,
em prisão de carne viva e sangue fervente!
Ele se contorce na escuridão do quarto,
as veias crescem, esticam-se como tentáculos,
tocam as paredes, rastejam pelo chão,
buscando escape, ou talvez mais vítimas para o suplício.
Lembra-se de dias normais, distantes como sonhos,
quando a cabeça era apenas cabeça,
não este vulcão prestes a explodir,
não este ninho de aranhas vermelhas tecendo teias de sofrimento.
Mas agora, a dor é rainha absoluta,
governa cada nervo, cada pensamento fragmentado,
faz o tempo parar em um eterno pulsar,
um martelo invisível batendo no crânio incessante.
As veias ramificam mais, tornam-se rios de sangue,
escorrendo luz vermelha no breu da noite,
iluminam o rosto distorcido, a boca em berro eterno,
mãos que apertam, que tentam conter o caos interno.
E se esta dor for maldição antiga?
Um demônio que escolheu sua mente como lar,
que alimenta-se de pensamentos, de memórias doces,
transformando-as em espinhos que furam o cérebro?
Ou talvez seja o preço da vida moderna,
do estresse acumulado, das noites insones,
da raiva engolida, do medo reprimido,
explodindo agora em veias escarlates e grito silente.
Ele cai de joelhos, mãos ainda na cabeça,
as ramificações tocam o teto, como chifres nascendo,
o corpo magro, musculoso no sofrimento,
pele avermelhada, como se queimasse por dentro.
Grita, mas ninguém ouve,
o som preso na garganta, ecoando só na mente,
uma sinfonia de horror que só ele escuta,
enquanto o mundo dorme alheio ao seu inferno.
Horas passam, ou dias, quem sabe?
A dor não mede tempo, apenas intensifica,
as veias agora são árvores, florestas vermelhas,
cobrindo o quarto em um labirinto de agonia.
Ele implora aos deuses esquecidos,
aos médicos distantes, aos remédios inúteis,
mas a dor ri, pulsa mais forte,
faz o crânio rachar em linhas invisíveis.
E no auge do tormento, uma visão:
as veias se tornam criaturas vivas,
serpentes que sussurram segredos sombrios,
prometem alívio em troca da alma.
Ele resiste, ou sucumbe?
As mãos tremem, o rosto se contorce mais,
boca aberta em um urro que abala as sombras,
veias explodindo em raios de luz carmesim.
Quando o amanhecer chega, tímido e frio,
a dor recua, lenta, como maré vazante,
as veias murcham, voltam ao esconderijo,
deixando o homem exausto, vazio, marcado.
Mas ele sabe que voltará,
essa visitante cruel, essa rainha da noite,
com suas ramificações vermelhas e grito eterno,
transformando-o novamente no monstro da imagem.
Ó homem das veias escarlates,
preso em teu ciclo de horror e alívio,
teu grito ecoa nas mentes de quem sofre igual,
um hino ao sofrimento invisível, ao terror interno.
Que a escuridão te poupe, por ora,
mas saibas que ela espera, paciente,
com galhos vermelhos prontos para brotar,
e mãos crispadas em eterna agonia.
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