A Hora do Café da Manhã

Nós costumávamos tomar o café da manhã todos os dias juntos. Mesmo que não nos encontrássemos durante as outras refeições. Que de anos para cá, começou a se tornar algo rotineiro. Talvez nem fizéssemos por prazer, ou sei lá, por puro amor. Mas sim porque acostumamos, e já era algo automático; tipo aquele caminho que você faz todo dia, da sua casa para o trabalho, do trabalho para casa, até o caminho ao supermercado. 

É isso, aquele padrão que você nem sequer percebe, até o dia que você muda os padrões. 

Eu acordei com muita dor de cabeça, parecia uma ressaca, porém não me lembrava de haver bebido no dia anterior. Meus olhos doíam em demasia. Demorou muito para minha visão se adaptar ao ambiente, e como sempre, me levantei da cama, e nem olhei para o relógio direito, já fui direto escovar os dentes, e então descer para o café da manhã...

Meu reflexo no espelho, parecia ser outra pessoa. Aquela dor, nossa!, minha cabeça não parava de latejar, precisei lavar os olhos umas três vezes, só pelo mesmo motivo, é que naquele dia, eu não me sentia eu. Havia algo de diferente em mim, porém eu não conseguia determinar o que era.

Conforme eu descia as escadas, tinha lapsos temporais, e ao chegar no último degrau, pude ver minha mãe, em seguida meu pai, e entre a cozinha e a copa, minha irmã. Todos eles com furos pelos seus corpos, e principalmente um buraco em suas cabeças. Havia tanto, mais tanto sangue. Eu não conseguia pensar direito, corri até o telefone, e liguei para a emergência. Quando em ligação, eu pude notar meu reflexo no espelho da sala, estava embaçado, porém a cada piscada, eu conseguia ver melhor. Até que finalmente, eu pude ver com nitidez pelo reflexo do espelho, que a arma do crime, estava em minhas mãos.

Por Lara Mota @esc.laramota