Vício em smartphones associado a sentimentos de inferioridade

Em um mundo de rostos iluminados por telas frias, cientistas americanos desenterraram uma verdade incômoda: não importa se você é homem ou mulher, o pânico que sobe pela espinha quando o smartphone desaparece é o mesmo. Ansiedade que corrói, nervos à flor da pele, um vazio que lateja como ferida aberta. Quem sente isso não é apenas “dependente”. É alguém que já carrega, bem antes do aparelho, um buraco antigo: depressão, fobias, a certeza sufocante de ser menor, pior, insuficiente.

Vício em smartphones: o vazio que carregamos no bolso. 

Chamaram de nomofobia esse terror silencioso de ficar sem o telefone; ainda não é doença oficial, mas já é fantasma que ronda quase todos nós. 81% dos americanos e 96% dos jovens abaixo dos 29 anos andam com um desses aparelhos grudados ao corpo como prótese. E é exatamente isso que ele se tornou: prótese.

Um estudo de 2013 já havia sussurrado o segredo: o smartphone não é ferramenta. É extensão do eu. Ao mergulhar na comunidade digital global, a pessoa cola pedaços de identidade emprestada na tela. O aparelho vira pedaço do corpo, pedaço da alma. Perder ele é como perder um membro. Há quem sinta até a dor fantasma: aquela vibração imaginária que nunca acontece, mas que o cérebro jura que sim, como um amputado que ainda coça o dedo que não existe mais.

Pesquisadores da Ohio State University observaram 495 jovens portugueses entre 18 e 24 anos, metade já afundada de quatro a sete horas diárias em redes sociais. Aplicaram questionários frios, precisos. O resultado foi uma correlação somlunda, porém inegável: quanto mais horas colado na tela, mais forte a nomofobia. Quanto mais obsessões, ansiedade, hostilidade, paranoia, depressão, sensação de ser um erro ambulante — mais insuportável era a ideia de ficar sem o telefone.

Porque, no fim, o smartphone não é fuga. É muleta. Quem já se sente menor que os outros usa o aparelho para tapar o buraco, para fingir que pertence, que é visto, que vale alguma coisa. Quando a bateria morre ou o sinal some, o disfarce cai. E o que resta é o mesmo vazio de sempre, só que agora sem anestesia.

A ciência apenas confirmou o que já sentíamos no escuro: o vício não começa no telefone. Começa muito antes, lá no fundo onde mora o medo de não ser suficiente. O aparelho só dá forma a esse medo. E o transforma em cadeia.

Com informações de Naked Science.
Gustavo José
Gustavo José Fascinado pelo mundo do terror e do suspense, sou o fundador do blog Terror Total, onde trago histórias envolventes e arrepiantes para os leitores ávidos por emoções fortes.

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